- Bom dia! – disse Bilbo, sinceramente. O sol brilhava e
a grama estava muito verde. Mas Gandalf lançou-lhe um olhar por baixo de suas
longas e espessas sobrancelhas, que se projetavam da sombra da aba do chapéu.
- O que você quer
dizer com isso? – perguntou ele. – Está me desejando um bom dia, ou quer dizer
que o dia está bom, não importa que eu queira ou não, ou quer dizer que você se
sente bem neste dia, ou que é um dia para estar bem?
Essa é uma daquelas histórias que faz você querer fazer uma viagem; sentar ao redor de uma fogueira com os amigos e contar histórias; fazer trilhas; e observar o luar numa noite de céu claro e adentrar florestas silenciosas.
É uma daquelas histórias que te inspira a observar melhor a beleza do mundo, esteja onde estiver.
Tolkien deu-nos um grande presente ao escrever este livro. Mostrou-nos a potência da fé e da coragem ante o comodismo e rotina. Bilbo é um pouco de todos nós, um exemplo que podemos conseguir e experimentar se sairmos da nossa gaiola dourada.
O livro narra a história de como Bilbo Bolseiro, um hobbit quase na metade da vida, se vê convidado e, ao mesmo tempo, instigado a participar de uma grande empreitada libertadora. Essa se resume a ajudar a comitiva de Thorin Escudo de Carvalho a retomar seu antigo lar, a Montanha Solitária, das garras do terrível e ganancioso dragão Smaug, que tomou o controle do lugar, o que só veio a acarretar grande infortúnio a um poderoso reino de anões.
Gandalf, um poderoso e misterioso mago, é o mensageiro desse convite a Bilbo. O mago, que o hobbit não via desde criança, apela ao imaginário e senso de aventura presente no sangue familiar de Bilbo, para envolvê-lo numa jornada perigosa para muito além de onde Bilbo alguma vez já foi. O hobbit, porém, instigado, mas pensando na vida tranquila que os hobbits levam no Condado (região onde habitam), se nega primeiramente, - e diga-se de passagem, segundamente e terceiramente também -, a participar da viagem.
Mas numa noite de planos, saudosismos e desejo de luta - que sem o seu consentimento, ocorre em sua casa - é plantada na mente deste habitante do Condado a semente da curiosidade pelo desconhecido e este acaba aceitando acompanhar o grupo de treze anões e Gandalf até a Montanha Solitária.
Partindo do seu tão adorado Condado, Bilbo se vê as voltas com Trolls, Orcs, Elfos, Águias Gigantes e um Troca-peles. Além disso, um encontro no meio das cavernas do orcs proporciona ao hobbit um instrumento poderoso e perigoso, que ajudará ele e aos seus companheiros de viagem a conquistar seu objetivo.
Narrado em terceira pessoa, o livro não só dá um pouco do perfil do próprio Bilbo e seu sentimento perante cada dificuldade e glória, mas também de fatos que ocorrem sem que o mesmo esteja presente. A história também nos oferece momentos de humor, como no trecho transcrito acima, assim como passagens de forte tensão e emoção.
Bilbo é, por fora, o esteriótipo de alguém sem grandes habilidades e coragem. Pequeno, um pouco barrigudo, acomodado e de semblante gentil, os anões, principalmente Thorin, o veem mais como um peso do que como um aliado. Mas o autor vai nos mostra como o pequeno Bilbo não é somente o que aparenta ser, algo que Gandalf vem nos avisando desde o início. Destemido, sim, principalmente para salvar seus companheiros de viagem das confusões em que se metem; experto e inteligente, sempre com um plano em mente para evitar o conflito; corajoso e leal, não teme fazer o que é certo para manter a paz.
Um livro para se ler em qualquer idade, com uma mensagem bonita sobre a força interior dos pequenos e uma aventura épica. Não deixem de ler "O Hobbit".
Boa leitura!
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