É difícil respirar com bola dentro da
minha boca. Ele amarrou tão firme o arame em torno de seus pulsos, presos ao
corpo, que eles ficam entorpecidos. As pontas começam a penetrar nas suas
costas. Ela move os ombros, tentando conseguir força pra se afastar dele, aos
soluços. Precisa sair dali para qualquer lugar. Longe, pelo amor de Deus, bem
longe. Mas ele está sentado em cima de suas coxas, mantendo-a imóvel com seu
peso.
- Tenho um presente para você. Dois. –
diz ele.
Iluminadas
conta a história de um psicopata que de uma forma muito estranha, ou não,
encontrou uma casa que lhe possibilita viajar no tempo. Seu nome é Harper
Curtis e ele não faz ideia de porque ele foi escolhido pela casa, mas ele sabe
que foi. A casa impulsiona Harper a, de tempos em tempos, ir atrás de suas
meninas iluminadas. Meninas é modo de dizer. Apesar de ele às vezes encontrá-las
quando bem jovens, Harper “espera” muito tempo para matá-las, e elas já são adultas,
em torno de 18 a 25 anos, ou um pouco mais velhas e com filhos.
Harper
não sabe como as escolhe. E nem mesmo nós leitores conseguimos entender
totalmente a lógica por trás das escolhas. Ele apenas as encontra. Algumas vezes
é impulsionado a viajar até um determinado período no tempo, sempre no século
XX. Ele não escolhe de forma premeditada, num primeiro momento, para onde quer
ir. A casa apenas o leva lá. Indo e voltando no tempo, acompanhamos também uma
pouco da história das garotas que ele matou, ou vai matar. São jovens, na
maioria simples, que passaram por algumas dificuldades na vida. Muitas pessoas
se enquadrariam nessa condição, mas Harper vê algo de especial nelas. Uma luz
que ele precisa matar para se sentir vivo. Claramente psicopata.
Ele
nunca as mata de uma mesma forma. E sempre deixa presentes para elas. Sim,
presentes. Algo que ele deixa com elas que não pertence nem a ele, nem ao tempo
no qual elas vivem. Harper sabe que dificilmente será encontrado. Ele se sente
confiante com isso. Isso não significa que não poderia vir ser descoberto ou
pego.
E
é aí que entra na história Kirby Mazrachi. Ela é uma das garotas iluminadas.
Mas Kirby conseguiu sobreviver a Harper. Algo que ele demora a descobrir e que
possibilita a Kirby pesquisar vários assassinatos e tentativas de assassinato
nos últimos anos, contando com a ajuda de Dan Velasquez, um ex-repórter
policial que cobriu o caso de Kirby, mas que agora não quer ter mais nada haver
com coisas do tipo.
Kirby
é experta e ao mesmo tempo obsessiva para encontrar seu assassino. Isso preocupa
Dan e ao mesmo tempo o atrai para ela. Mesmo que o romance dos dois não seja
algo tratado como algo muito impactante ou mesmo importante para a história, é
bonitinho ver o interesse de Dan por Kirby. Aliás algo que quero ressaltar é
que Kirby me lembrou um pouco a Lisbeth Salander, do Stieg Larson.
Com
o tempo, Kirby começa a desconfiar de crimes estranhos, sem motivo aparente ou
mesmo de coisas estranhas encontradas junto ao corpo das vítimas. É ao ouvir as
histórias de familiares e amigos das vítimas de assassinato que Kirby se pega
pensando que o assassino pode atuar há muito tempo. Para ela, pode até ser uma
coisa familiar, pai e filho, devido a escala de tempo que os resultados de suas
investigações apontam para os crimes. Mas ela não está preparada para o que vai
descobrir. E quando assassino e vítima se reencontram, o livro pega fogo.
Por
tudo isso, o livro é bom. A história é intrigante, mas ao mesmo tempo, eu não
me senti tão ansiosa para continuar a leitura. Demorei para ler. Acho que só
não demorei mais, porque o livro fazia parte da minha bookslist da MLI2015. A
estrutura do livro alterna entre vários personagens, desde Harper até algumas
das garotas assassinadas, assim como também o próprio Dan e um ou outro
personagem aleatório.
Eu
esperava mais do livro. Não senti aquela tensão toda de quando li a sinopse. Kirby
não foi uma grande heroína para mim. Senti mais empolgação com algumas das
outras garotas do que com a própria Kirby, como, por exemplo, a Alice e a Zora.
A história delas me emocionou e eu queria conhecer mais delas. No entanto, o
vai e vem da história mantém uma expectativa no leitor. Não é das mais fortes,
mas você consegue chegar ao final do livro com uma sensação de que alguma coisa
ainda pode acontecer. A história verdadeiramente não termina. Ela é uma
espiral.
Boa
leitura!
Comentários
Postar um comentário