- Que outros
passageiros estão no trem? – perguntou Poirot.- Neste carro, dr.
Constantine e eu somos os únicos viajantes. No carro de Bucareste está um
senhor idoso com uma perna aleijada. É bem conhecido do condutor. Além desses,
temos os vagões comuns, mas esses não nos interessam já que foram trancados
depois de servirem o jantar ontem à noite. Além do Istambul-Calais, temos
apenas o vagão-restaurante.- Então me parece –
Poirot foi dizendo devagar – que devemos procurar por nosso assassino no carro
Istambul-Calais – virou-se para o doutor: - É isso que o senhor estava
sugerindo, acho? O grego assentiu.- Passava meia hora
da meia-noite quando nos deparamos com o banco de neve. Ninguém pode ter
deixado o trem desde então.Monsieur Bouc disse
com ar solene.
- O assassino está
entre nós, no trem, agora...
Se você nunca leu Agatha Christie, não sabe o
que está perdendo. Essa mulher escrevia divinamente. Dos muitos livros dela que
já li, nunca consegui adivinhar o
culpado/culpados (Vale ressaltar que essa autora escreveu além de romances
policiais, romances, contos e peças de teatro. Ao todo são aproximadamente 237
histórias!!!). Além disso, cada história é envolvente, os personagens são as vezes
caricatos, mas tão poderosamente reais, que você poderia encontrá-los em qualquer
lugar, ou mesmo, traços de personalidades semelhantes entre as pessoas que
conhece.
Nesse livro acompanhamos Hercule
Poirot, um dos principais investigadores de Agatha (que a mim está igualado a
Miss Marple - adoro aquela senhora), em sua viagem de trem no Expresso Oriente
(que ligava Istambul a Paris), depois de uma investigação muito bem sucedida na
África. No embarque rumo a Istambul, para poder pegar o famoso trem, Poirot se
depara com um casal bastante interessante. Como bom observador do ser humano e
eterno desconfiado, o detetive belga admite a si mesmo sua curiosidade pelo
casal, pois apesar de aparentarem não se conhecerem muito, o casal expressa em
conversas sutis captadas por Poirot, uma emoção e intimidade que
fortemente tentam manter escondidas.
Poirot e o casal, no entanto, seguem rotas
diferentes ao chegarem em Istambul. Preocupado em chegar a Londres logo, o
detetive acaba reencontrando um conhecido, que por sinal lhe oferece uma
oportunidade de pegar o Expresso Oriente mais cedo do que Poirot esperava
conseguir. Conseguindo antecipar sua volta para casa, o detetive se depara com
um grupo de viajantes bastante heterogêneo e interessante. Dentre eles, o
mesmo casal que encontrou nem mesmo um dia antes.
No segundo dia de viagem, um dos passageiros do trem é encontrado morto no vagão Istambu-Calais, no quarto ao lado do de Poirot. O sujeito foi esfaqueado várias vezes, sem que ninguém ouvisse, e, como uma tempestade de neve acabou deixando o trem preso na neve, só se pode crer que o assassino ainda está no trem. Todos são suspeitos.Uma coisa que devemos ter em mente ao ler as obras policiais de Agatha é que tudo é detalhe para um crime: uma marca de charuto, o tamanho de um pé, a tristeza com um assassinato, e até mesmo a sinceridade dos indivíduos envolvidos. Nesse livro não é diferente. Poirot não pode contar com a ajuda da polícia para solucionar esse caso. Então, ele vai usando toda a sua observação da mente e comportamento humano para descobrir o que realmente aconteceu.
Entrevistando cada um dos passageiros, com a companhia (pois, na realidade, esses não compreendiam bem o que realmente Poirot estava fazendo) de Monsier Bouc e dr. Constantine, o investigador belga vai traçando os passos de cada indíviduo na hora do crime. Cada vez que alguém conversava com Poirot, eu ficava me perguntando no que ele estava pensando. Suas perguntas, aparentemente sem padrão para uma investigação de homicídio, confundiam não só os suspeitos, mas a mim também.
A mente do detetive conseguia observar coisas as quais eu não tive me atido, e olha que, pelo fato da história ser narrada pelo próprio Poirot em muitos trechos, ficava difícil você não ver o que ele via. Porém, nós não conseguimos acompanhar sua linha de pensamento. Isso tornou o livro ainda mais fascinante e surpreendente. Em alguns momentos, Poirot previa as ações das pessoas ao redor, assim como as mudanças nos principais suspeitos.
Cada personagem tinha um segredo. Era difícil dizer quem é culpado e quem é inocente. Ao mesmo tempo, não conseguimos afirmar com certeza quem matou o homem. E o conhecimento de que o assassinato no trem poderia ter haver com um crime que aconteceu do outro lado do mundo, balança ainda mais as certezas e suspeitas sobre os indivíduos.
Impossível não se encantar com as revelações ao longo da história, mas nenhuma suspeita poderia me preparar para o final desse livro. EU FIQUEI CHOCADA! Chocada! E, diga-se de passagem, animadíssima.
Ficava dizendo: "Ãh?", "Sério isso?", "Não acredito nisso?", "Oh meu Deus!".
Imperdível. Vocês precisam ler essa história. Tensa, mas divertida ao mesmo tempo, a investigação não convencional de Poirot encanta e convence o leitor. Se você adora investigações e romances policiais, não vai se arrepender de ler esse livro.
Boa leitura!
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