Fanny foi deixada com os Crawford e o Sr.
Yates. Ela foi bastante negligenciada pelos primos, e como a sua opinião acerca
da afeição de Sir Thomas por ela era muito humilde com relação à afeição dele
pelos filhos, estava satisfeita por ser deixada para trás, com tempo para
recompor-se. Sua agitação e apreensão excediam todas as outras, em função de
sua índole, que nem mesmo a inocência poderia evitar que sofresse. Ela estava quase desmaiando. Todo o seu temor habitual pelo tio estava retornando, e esse sentimento era acompanhado pela compaixão por ele e por quase todos os membros do grupo envolvidos no teatro.
Fanny Price é uma jovem, sobrinha da esposa
de sir. Thomas Bertram, que vivia com os pais até os nove anos. Nessa época, sua
mãe solicita aos parentes mais ricos que recolham uma de suas crianças sob
tutela. Fanny acaba sendo a escolhida e, tímida e envergonhada, é aceita na
família da tia. Convivendo com os filhos do casal, dois rapazes e duas moças,
além da outra tia de Fanny, a sra. Norris, que mora próxima a casa da família,
Fanny se torna uma moça tão tímida e consciente de sua baixa posição social
como quando era criança, porém com um senso de observação do caráter humano e
das regras sociais melhor do que o restante da família.
Conhecer o dia-a-dia de Fanny, sua paixão não
correspondida por seu primo Edmund, a dependência que Lady Bertram tem por sua
companhia e o desprezo que recebe da sra. Norris, poderiam ter transformado
Fanny numa criatura amargurada e invejosa da posição e possibilidades de seus
outros familiares. Porém Fanny se mantém segura de sua conduta e agindo com
carinho com todos os que a cercam.
E é durante uma longa viagem que sir. Thomas
deve realizar para garantir o bem-estar financeiro da família, que conhecemos
um pouco mais da personalidade e ambições dos demais personagens da história. Enquanto
o senhor da casa viaja, um casal de irmãos, parentes da mulher do novo pastor
da comunidade aparece e essa chegada vai desencadear desentendimentos,
recriminações e relações ousadas, além de expor as diferenças entre o campo e a
cidade na Inglaterra do final do século XVIII.
Em Mansfield Park, onde se desenrola a maior
parte desta história, chegam os irmãos Henry e Mary Crawford, que vivem em
Londres e desejavam conhecer o campo, aproveitando a residência de sua irmã
mais velha, a sra. Grant, na região. Ao conhecerem os irmãos, os Bertram iniciam
uma intensa amizade, aprovando, admirando e querendo imitar, por vezes, o porte
e comportamento dos irmãos. Fanny e Lady Bertram são as únicas pessoas que não se
deixam impressionar por eles. A primeira, por desconfiar das ações e falas
desses personagens, e a segunda, por nunca dar muita importância ao que a
cerca.
Observando junto com Fanny o desenrolar
dessas relações e, às vezes, tendo vontade de sacudi-la para tomar um posicionamento
mais forte, percebemos o quanto a relação das duas famílias se torna um jogo de
dominação e influência. Fanny não aceita, assim como eu, as constantes mudanças
de comportamento tomado por muitos membros da família Bertram, a fim de se
aproximarem de um ideal citadino de vida trazido pelos Crawford e com o tempo
descobrimos junto com ela, o quanto as maquinações dos irmãos vão por à prova a
reputação de todos os envolvidos.
A obra, um interessante retrato social, nos
mostra o quanto o campo, mas, principalmente, o estilo de vida simples, eram
tratados com preconceito e recriminação pelos Londres, incorporados na história
pelos Crawford. Edmund, colocado sempre como o mais discreto e sério dos
Bertram, e estudando para ser clérigo, mostra-se facilmente manipulável e cego
em vários momentos. Outro que quis
sacudir de vez em quando. Muitas vezes durante a leitura, senti raiva por
todo o sofrimento que Fanny apresentava ao leitor ao ver as confusões nas quais
as pessoas se metiam. Digo isso não por achar justo a dor dela, mas sim pelo
caráter dramático que a própria Fanny impunha a sua condição. No trecho
destacado acima, que aponta o retorno de sir. Thomas à família, o medo de Fanny
pelo tio é, a meu ver, absurdo. Assim como é ridículo em muitos momentos as ações
da sra. Norris, principalmente ao punir Fanny pelo comportamento dos demais.
Não é o melhor livro da autora que já vi. A
Fanny é umas das suas personagens mais irritantes e não a vejo como uma
heroína. Mas a maneira como a autora explora as relações campo e cidade compensa
tudo isso, assim como os diálogos nos quais temos Mary Crawford. Gostei muito
dela.
Recomendo a leitura e gostaria de saber a
opinião de vocês sobre o livro.
Boa leitura!
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