Estão vindo pegá-la,
ela sabe.
O medo se
esvai, substituído pela certeza de que ela não tem muito tempo. É como se uma
Pam fria e confiante – uma Pam nova, que ela sempre quis ser – entrasse e
assumisse seu corpo espancado, agonizante. Ignorando a sujeira onde sua barriga
estivera um dia, ela tateia procurando a pochete. Ainda está ali, embora tenha
sido girada para a lateral do corpo. Fecha os olhos e se concentra em abrir o zíper.
[...]
Eles continuam
a se esgueirar e ela ainda não consegue identificar nenhuma característica
facial. E onde está o garoto? Se ao menos pudesse dizer para ele não chegar
perto deles, porque ela sabe o que eles querem, ah, sim, ela sabe exatamente o
que querem. Mas agora não pode pensar nisso, não quando está tão perto.
Enfia a mão na
bolsa, dá um gritinho de alívio quando os dedos roçam na parte traseira lisa do
telefone. Com cuidado para não deixá-lo cair, retira-o – tem tempo para se
maravilhar com o pânico que sentiu antes, quando não conseguia lembrar onde o
havia colocado – e instrui o braço a trazê-lo até o rosto. E se ele não
funcionar? E se estiver quebrado? Não vai estar quebrado, ela não vai deixar
que esteja quebrado, e grasna em triunfo quando escuta a animada musiquinha ao
ligá-lo.
Quase lá...
Obs.:
A resenha abaixo eu fiz para o Goodreads e relendo-a não consegui imaginar outra forma de contar como esse livro me afetou. Há pouquíssimas alterações. Fiz logo depois de terminar a leitura. Espero que gostem.
Não
sei expressar direito o que senti com a leitura dessa obra. Principalmente
depois de acabar e saber que é uma série e já tem o segundo livro.
Primeiramente
quero frisar que o livro não é ruim. Ele é bom e a forma como a autora resolveu
escrever essa história dá a ela um ar muito interessante de suspense. Mas não
foi aqueles suspense AH MEU DEUS, O QUE FOI QUE ACONTECEU?! Pelo menos não para
mim. Fiquei curiosa sim, para entender o que realmente tinha acontecido, porque
ela não é uma história linear comum e ao longo da leitura vamos juntando os
pedaços para entender EXATAMENTE tudo o que aconteceu. Só o início e o final do
livro seguem uma ordem mais linear de escrita.
Mas
vamos a história. Tudo inicia com um acidente de avião no Japão, onde a única
americana a bordo narra o acidente e deixa uma mensagem no mínimo estranha em
seu celular antes de morrer. Nessa mensagem ela faz referência a um menino e
curiosamente só há um sobrevivente deste acidente, um menino pequeno, de não
mais de 6 anos, que teve ferimentos leves. Já de início você percebe uma série
de características "paranormais" no relato deixado pela americana.
Esse relato aliás é o estopim de toda a confusão que rodeia os personagens.
E
essa confusão se deve também ao fato de que, com poucas horas de diferença,
outros três aviões caem nos outros continentes e dos três, dois tem como únicos
sobreviventes crianças na mesma faixa etária do menino do Japão e que saíram
praticamente ilesos.
Vamos
acompanhando o desenrolar dessa história através de um livro de uma jornalista
que foi lançado meses depois do ocorrido e que vai relatando através de
entrevistas, gravações, depoimentos, artigos de jornais, conversas de chats
tudo o que as pessoas comentaram a respeito do milagre dos Três. [É a forma como ficaram conhecidas as crianças].
O
mais interessante de tudo é que nós temos uma vaga ideia do vai acontecer, mas
é a forma como a autora trabalha a natureza humana e sua psicologia que envolve
e cativa o leitor, levando-o a continuar a história. Ao longo das partes do
livro, vamos tendo flashes do que aconteceu no "final" da história,
mas só vamos descobrindo as coisas importantes aos poucos. É como os relatórios
e arquivos que compõem um processo de investigação. Tem uns momentos em que dá
um certo medo. Você fica preocupada com o desenrolar das ações de cada
personagem e em como isso vai afetar o mundo.
Sim,
o mundo, porque nós vemos nesse livro uma série de atos de histeria coletiva e
de discursos proféticos, ufológicos e científicos que nos dão uma visão muito
real do que é fanatismo.
Isso
foi o que me ganhou no livro. A natureza humana e a forma como a autora a trata. É
claro que as situações se tornam bem extremistas, mas o pior (ou o melhor do
livro) é que eu conseguia ver muitos daqueles pensamentos e ações podendo ocorrer na
vida real. Imaginá-los ocorrendo no aqui e agora.
O
final do livro foi um pouco óbvio. Mas foi bom ver como ela trabalhou a
repercussão não só dos fatos, mas da obra escrita dentro deste livro (um livro
dentro de outro - AMEI).
Foi
uma boa leitura, mas não sei se leria esse livro novamente. Realmente não me
senti de todo confortável e nem expectante para terminar o livro rápido ou
continuar a série. Ficou uma sensação de desconforto que não sei explicar bem.
E
é, por isso mesmo, recomendo.
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