Um Punhado de Centeio - Miss Marple - Agatha Christie


As últimas palavras da patética carta ecoaram em sua mente.
“Dá para ver que ele é um bom rapaz.”
Uma lágrima surgiu nos olhos de Miss Marple. Depois do lamento, veio a raiva – uma raiva direcionada a um assassino desalmado.

Em seguida, no lugar das primeiras reações, veio um sentimento de triunfo – o tipo de triunfo que experimentaria um cientista que conseguiu recriar a aparência de um animal extinto a partir de uma simples mandíbula e alguns poucos dentes.


Este foi o único livro lido do Mês do Horror!



Um punhado de centeio é uma história sobre a natureza humana e seus pecados. Temos nesse livro personagens que nos enganam de forma magistral e é difícil saber quem é quem. Além do mais, a aparição da simpática e inteligente Miss Marple na história é bem peculiar em relação aos outros livros que já li com ela.

Por melhor que seja, esse não é o meu favorito da sra. Christie.

Mas vamos a história. Tudo começa quando um homem de negócios acaba morrendo em seu escritório de maneira repentina. A polícia acaba sendo acionada e se descobre que o homem foi assassinado por envenenamento. Durante as investigações, descobrimos que o morto não era a pessoa mais querida. Não só pela família, que em suma o detestava, mas pelas pessoas de seu círculo social. Muitas histórias então acabam se cruzando: dramas do passado, assassinatos, roubos e fraudes. 
Para complicar ainda mais a investigação, mais dois assassinatos ocorrem e um deles aparentemente despropositado.
Miss Marple então aparece e observamos, junto com ela e o investigador Neele, o que escondem todos os suspeitos. 

Gostei muito da forma como o assassinato foi orquestrado e principalmente como conseguimos ver todos os personagens e o que eles pensam sobre as situações que ocorrem. Lance, Percival, Adele, Elaine, Mary Dove, Crumps e até mesmo o sargento Hay, o mais apagado dos personagens, são curiosos e interessantes a sua maneira.

Mary Dove, por exemplo, é a enigmática governanta dos Fortescue e intriga de primeira todos nós com seu comportamento, chamando a atenção do investigador, apesar de a mesma não ser suspeita do crime. Lance é a ovelha negra da família, que passou muito tempo longe de todos e é o mais charmoso e encantador personagem da história. Gladys, com seu jeito abobalhado e sonhador é vítima de sua principal característica: ser muito crédula.

Mas é a maneira como Miss Marple traz a tona suas teorias sobre o(s) crime(s) o que mais se sobressai na história. A forma como ela usa uma cantiga para construir e ao mesmo tempo desconstruir o cenário dos crimes é fantástica. A forma como a cantiga é central no texto me recordou muito outro livro da autora, E não sobrou nenhum, onde temos um poema como a referência de suspense da trama.

Creio que do início ao fim da história tem coisas que nos impressionam de uma forma ou de outra: a reação das datilógrafas a morte de Rex Fortescue; a morte de Gladys; o próprio surgimento de Miss Marple na história - que convenhamos, foi muito estranho; e a conclusão de quem é o verdadeiro assassino(a).

Dei 4 estrelas para a obra e recomendo para todos aqueles que desejam uma leitura leve e fluida.

Boa leitura!

Comentários