Livros YA LGBT e a diversidade na literatura.




Olá leitores!

Hoje vim falar sobre diversidade sexual e de gênero em livros YA. Decidi falar sobre esse tema depois de ler dois MARAVILHOSOS livros.




Apaixonei-me não só pela escrita dos autores, mas pelos próprios personagens. A desconstrução do “sair do armário” em Simon e o descobrimento de quem são e o que desejam ser esses jovens em Aristóteles e Dante é tocante, sensível e sem gênero. Digo sem gênero, porque são coisas que acontecem com qualquer ser humano.

Mas, pera lá, sair do armário não acontece com todo mundo! 

Aí, meu caro leitor, é que você se engana. E isso fica muito nítido na história de Simon. Todos nós saímos do armário. O armário não é uma metáfora só para nossa própria sexualidade, mas para o fato de tomarmos as rédeas da nossa vida e descobrirmos quem somos na família, no amor, no trabalho.
Muitas vezes precisamos sair do armário para enfrentar as pessoas que não acreditam que aprender mecânica seja “coisa de mulher”; ou quando um rapaz prefere estudar balé à guitarra. O próprio fato de as pessoas quebrarem paradigmas todos os dias, por questões de sexismo, padrão de vestuário, trabalho, hobbyes, é um “sair do armário”.

Vamos aos livros?


Simon vs. a Agenda Homo Sapiens, de Becky Albertalli, vai contar a história de Simon, um adolescente que sabe que é gay, mas considera ridículo ter que anunciar isso para sua família e amigos, e toda a tensão que envolve o fato de "sair do armário". Para ele, todos deveriam passar por isso, não só os homossexuais. Simon, no entanto, acaba sendo chantageado por um colega de escola que descobre que ele é gay após ler um e-mail de Simon para o misterioso e encantador Blue. E muitas coisas surgem no meio dessa situação.
A mais importante de todas é que Simon vai pensar mais e mais sobre suas amizades e família e o fato de como reagirão as pessoas ao descobrirem que ele é gay, como isso irá afetar esses relacionamentos. Não só isso, mas o fato de que o ser "descoberto" pode acarretar problemas para o recente relacionamento virtual que ele tem com Blue, um garoto da sua escola que ele não sabe quem é.

A premissa da história me chamou a atenção ano passado, mas por uma série de acasos, não consegui pegar para ler. Daí também soube de "Aristóteles e Dante descobrem os segredos do universo", e toda a hype sobre esse livro me animou ainda mais a lê-lo e a Simon.

Aristóteles e Dante descobrem os segredos do universo, de Benjamin Alire Sáenz, vai falar sobre a amizade desses dois garotos. Os dois tão diferentes entre si, acabam criando um forte laço de amizade e companheirismo, ao mesmo tempo em que vão fazendo descobertas sobre sua família, seus amigos e seus corpos. Tratando o mundo como um profundo lugar de descobertas, os relacionamentos desses dois personagens e a personalidade deles cativam o leitor e nos fazem querer conhecê-los mais e mais. Contado pelo ponto de vista de Aristóteles, conhecemos as dificuldades de Dante em se ver como um mexicano, os problemas do pai de Ari como ex-combatente na guerra do Vietnã e o fantasma do irmão de Ari, preso a muito tempo e do qual ele mesmo pouco lembra.
No meio de tudo isso, o fato de Dante se assumir gay para Ari e a atração que o amigo não nega sentir por ele, só provocam ainda mais as reflexões desse personagem fantástico.

Aliás, falando agora dos dois livros, todos os personagens são fantásticos. Adoraria conhecer cada um deles. Os casais dos dois livros são fofos, inteligentes e admiráveis. Eles sofrem bullying, que fica mais evidente no livro de Sáenz, mas descobrem amizade e respeito na família e na escola, e aceitação também. Não só aceitação e respeito familiar, mas de si próprios. É tão bonito acompanhar as conversas de Ari com sua mãe e suas cartas com Dante, assim como a troca de e-mails entre Simon e Blue. São reflexões sobre a vida e o amor que valem para qualquer pessoa.

O ponto alto das duas histórias para mim é a forma como eles contam para suas famílias sobre sua sexualidade e como essas famílias só demonstram respeito, amor e encorajamento a esses jovens. São situações ideais para o convívio humano. Ouvimos histórias tão tristes de abandono, repúdio e agressão de famílias contra seus jovens só por serem gays, que a leitura desses livros nos dá esperança de amor e apoio incondicionais que deveriam ser a base de toda e qualquer família.

Outras coisas que amei foram: o primeiro encontro de Simon e Blue (muito amorzinho); a conversa de Ari com seus pais no final do livro (caíram lágrimas); o apoio da escola e dos colegas à Simon contra o bullying que ele sofre em uma cena do livro.

Foram dois livros para aquecer o coração e conhecer mais sobre as vidas de pessoas LGBT. É tão importante termos nas obras literárias personagens representantes desses grupos, porque os livros geram reflexos na sociedade e não apenas são reflexos da realidade. Como deve ser bonito uma pessoa conseguir se enxergar no livro como um personagem e ver seus dramas, alegrias e esperanças escritos no papel? Espero que muitos jovens tenham sentido isso ao lerem as duas obras. 

Recomendo à todos a leitura dessas duas obras maravilhosas. 

Boa leitura!

Comentários