Olá galera!
Hoje temos resenha dupla.
Os livros foram lidos para a Maratona
Literária de Inverno deste ano e foram boas surpresas. Não tinha
grande expectativa em relação a nenhuma delas.
Vamos começar pelo que li
primeiro. A garota que eu quero, do Markus Zusak – autor de A
menina que roubava livros – é o último de uma trilogia (não li os
anteriores e não pretendo ler). Vai tratar da família Wolfe especialmente do
relacionamento entre os três irmãos: Steven, Rube e Cameron. Neste livro, o
narrador é o Cameron.
Vamos acompanhando a paixão que o
personagem vai nutrir por uma das namoradas do irmão Rube e como ele passa a
mudar e crescer por conta desse amor.
Na verdade, não é exatamente o amor
dele por Octavia, a garota, que o faz mudar. Como último livro de uma trilogia,
o Cameron já está passando por uma fase de crescimento pessoal no final da
adolescência. Ele ainda está terminando a escola, apesar de esse ambiente ser
apenas comentado no livro; começa a questionar algumas coisas e a sair do anonimato
dentro de sua própria família. O personagem é bem introspectivo, reflexivo e
gente boa. O Cameron é alguém que você gostaria de ter como amigo.
Ele tem um grande amor pela família e
uma relação muito bonita com seu irmão Rube, o que torna constrangedor sua
paixão por Octavia. Mas essa tensão não é o que dá forma a história. O
principal é o crescimento pessoal dele.
As ideias e os pensamentos que o
Cameron têm sobre a própria vida e sobre as ações que toma são bonitas de
acompanhar. Cada capítulo liberta e molda a personalidade que o personagem tem.
Antes de iniciar cada capítulo – que são curtos e fluídos – tem uma página do
diário/caderno do rapaz, e que são minhas partes favoritas do livro. Há poesia
em cada linha. Deem uma olhada:
A gente pode fazer qualquer coisa
quando não é real. Quando é real, não há nada para conter a queda.
Quando os humanos batem palmas, é o
único momento em que se unem para aplaudir outros seres humanos. Acho que os
aplausos existem para conservar coisas.
Existem outras partes bonitas também,
como as descrições das cenas. A cena do primeiro beijo na ponte; a de quando os
irmãos estão jogando juntos; o caminhar do casal pela cidade. O autor escreve
de forma singela sobre as coisas simples e foi o que me encantou no livro.
O amadurecimento do Cameron é bonito de
ver. Ele está se tornando um adulto, seus laços com as outras pessoas é mais
forte e o que deseja para si próprio também. A visão que ele tem do amor é
muito encantadora. Vários coraçõezinhos para essa história.
Agora vamos de Romanceiro da
Inconfidência, da Cecília Meireles.
Cecília Meireles foi uma poetisa
brasileira de renome da 2ª fase modernista da literatura brasileira. Era também
jornalista e professora e ganhou prêmios importantes pela sua obra.
Romanceiro é composto por uma série de poemas que se entrelaçam em torno de
um mesmo tema: a Inconfidência Mineira. Os poemas vão abordar personagens,
situações, impressões sobre esse período histórico e foi muito bom ler sobre
isso através da poesia.
Não sou grande fã de poesia, mas gosto
de algumas e percebi com este que gosto de poemas que contém uma história. Uma
história no sentido mais da prosa, com um enredo. É como acontece com Morte
e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Temos personagens, falas,
cenários que vão sendo apresentados através da poesia.
E foi muito bom acompanhar a escrita da
Cecília mais de perto. Nunca havia lido nenhum livro dela, só alguns poemas
soltos nos livros didáticos.
Os poemas do Romanceiro são
variados em forma e métrica. Alguns são soltos, sem rima. Outros lembram as
sextilhas e septilhas da literatura de cordel. Outros tem uma estrutura quase
de soneto. Essa variedade torna todo o livro bem fluido e a linguagem usada
pela autora não é inacessível.
Aliás, você não precisa necessariamente
conhecer a história da Inconfidência Mineira para entender os poemas. A
história é bem contada e clara.
Vamos acompanhando os problemas entre a coroa portuguesa e a colônia, com o ouro como principal motivo. As pessoas pensando em liberdade e a influência dos pensamentos iluministas e da independência dos Estados Unidos no movimento. Como esse movimento contava com padres, pessoas que atuaram no exército, como o próprio Tiradentes. Temos a visão dos vilões e mocinhos dessa história e principalmente do povo, que continuava estranhando, desconfiado de tudo aquilo e pressentindo o medo e a morte, além das traições que acabaram ocorrendo.
Enfim, gostei dessas duas obras e as
recomendo à todos. Foram ótimas leituras – rápidas, leves e divertidas de
fazer.
Boas leituras!
Comentários
Postar um comentário