Resenha: Uma Loucura Discreta



Só posso dizer que amei!!!

Bom, não só isso, mas resume muito bem.

Mindy Mcginnis nos deu um presente muito bom ao escrever esta obra. Não é uma obra cheia de reviravoltas, nem de coisas espetaculosas, mas uma história sobre pessoas e sua humanidade. Foi lindo acompanhar isso. Foi uma leitura prazerosa que há muito não fazia.

Mas vamos falar mais sobre o livro, pois alguns de vocês podem não conhecer essa história, então é melhor eu apresentá-la direito.

Grace vive em um asilo, vítima de sua própria família, e ainda por cima grávida de um bastardo. Se não fosse ruim o bastante, o ambiente onde vive é asqueroso e perigoso, e as pessoas mostram o pior de si. Para manter sua sanidade e garantir sua sobrevivência, Grace se refugia no silêncio, sabendo que pode sair de um tormento para outro em pouco tempo.
Mas uma tragédia, acaba colocando a jovem frente a uma oportunidade de viver sua vida sem medo. E por mais estranho que o dr. Thornhollow possa parecer, segurança é algo que encontrou em sua companhia.
O trabalho do doutor e seu auxílio a ele são o que a ajuda a viver mais feliz, com um propósito. Mas o risco à segurança de sua irmã e a caça a um serial killer podem trazer seu pesadelo para mais perto dela do que gostaria; ou a oportunidade perfeita para afastá-lo para sempre.

Grace Mae é uma mulher esperta, bonita e com uma memória excepcional. Thornhollow é um médico arisco e pouco afeito às grandes rodas sociais, mas inteligente, observador e determinado. Ambos são estranhos à sua maneira, mas suas qualificações para descobrir assassinos e adivinhar-lhes a personalidade é inegável.
Grace Mae é uma jovem que foi abusada e acabou engravidando. Para não envergonhar a família foi mandada para um asilo de loucos em Boston, que é onde se inicia a história.

Quando comecei a leitura e vi os tipos de tratamento que as pessoas no asilo de Grace recebiam, me lembrei da leitura de História da Loucura, do Michel Foucault. Nessa obra, vamos conhecendo a invenção do manicômio e como as mais diversas formas e concepções de tratamento para a loucura foram sendo desenvolvidas.

No livro de Mcginnis vemos algumas delas e a maneira como Grace as comenta é bem crua. Quando a personagem consegue fugir desse ambiente, ela se depara com outra forma de tratamento e de relação com os loucos e se engaja em investigações de assassinatos.

Essa parte de assassinatos me lembrou um pouco de personagens como Sherlock Holmes e Miss Marple, ambos conhecidos e admirados dos romances policiais, mas devo deixar claro que esse livro não é um thriller policial. As investigações não são o foco do livro, mas a relação entre os personagens e a descoberta de suas personalidades sim. 

Não posso dizer que a Grace tem um grande crescimento como personagem, mas a relação dela com os demais internos nos dois asilos é bem interessante.

Gostei muito do personagem do dr. Thornhollow. Ele é muito legal, direto e segue aquilo em que acredita, não se importando com o que os outros esperam dele.
Outros personagens maravilhosos são Elizabeth, Nell e Janey. Adorei elas e gostei muito de Barbante também, além de Ned.


"E de que serve tratar vocês como seres humanos se não as deixamos tomar as próprias decisões?" Janey. (Amei essa frase!).


O livro tem alguns problemas, como o final que deixou um pouco a desejar - não foi crível aquele julgamento, e muito rápido para o meu gosto. A forma como o serial killer é "pego" também foi muito estranha, mas não me incomodou tanto. No mais, gostei muito da história e de seus personagens e recomendo a leitura. Só não esperem um thriller policial, pois o livro não é.

Boas leituras!

Comentários