Fabuloso! Intenso!
Sabe aquele clássico que te deixa focado, confuso, ansioso e chocado? Fahrenheit é desse nível.
Um breve resumo da obra:
Numa sociedade distópica, que preza pelos prazeres e pela tecnologia, os bombeiros assumiram uma nova missão na sociedade: queimar livros.
A leitura se tornou algo proibido, pernicioso e desviante. Todo e qualquer leitor está condenado. (Ai!) Um desses bombeiros começa a questionar essa atitude, o que provoca suspeitas em relação a sua pessoa. Sem saber em quem confiar e no que acreditar, ele vai descobrir mais sobre a sociedade em que vive e sobre si mesmo.
Um momento para palmas:
Que livro é esse minha gente. Uma das melhores e mais inquietantes leituras desse ano até o momento.
Terminei a leitura me sentindo extremamente perigosa e vou te explicar porquê.
A obra de Bradbury retrata uma sociedade que vive do pão e circo. O único objetivo é trabalhar e se divertir através dos intermináveis programas de TV que o governo disponibiliza.
Totalmente alienados do que ocorre ao seu redor, até mesmo de quem são seus vizinhos, as pessoas são extremamente egocêntricas e sozinhas.
Cada personagem representa um grupo social:
Guy Montag - personagem principal. Bombeiro que atua a tanto tempo na mesma coisa que não questiona mais suas atividades até se deparar com uma curiosa criatura.
Mildred Montag - mulher de Guy. Símbolo da alienação. Desligada até da própria vida, Mildred representa os prejuízos que esse modo de vida social acarreta.
Beatty - capitão dos bombeiros da cidade, representa o governo e sua política de alienação. É a pessoa mais consciente e persuasiva da história.
Clarisse McClellan - jovem entusiasta da vida e do prazer pelas pequenas coisas. Mostra a Guy o caminho para enxergar os problemas dessa sociedade 'perfeita'.
Esses personagens cativam o leitor de uma forma viciante. Começamos o livro de forma tranquila e aos poucos vamos nos surpreendendo com a profundidade de cada crítica que o autor vai fazendo. O abuso que as pessoas fazem das tecnologias e a forma como elas se isolam e se enredam numa rede de falsa sociabilidade é angustiante.
Muitas vezes me peguei querendo sacudir Mildred e seu estilo de vida. Me desesperei com suas atividades e me enchi de muita pena ao imaginar quantos personagens fictícios e reais sofrem do mesmo mal.
Os momentos em que o ato da leitura é discutido mexeu muito comigo. Eu, como leitora, me preocupo com o nível de leitura que a sociedade atual tem. O Brasil tem uma média de leitura muito pequena por pessoa - 4 livros por ANO -, o que me deixa muito triste. As pessoas não pegam livros para ler. Muitas desprezam a leitura. E ver um livro onde o desprezo atingiu um nível tão agressivo, é quase como uma previsão (batendo três vezes na madeira).
Ao mesmo tempo, o poder da leitura, do conhecimento, é algo que me deixa tão feliz, me fez sentir tão poderosa e realizada por amar ler, que foi uma das melhores sensações que tive durante uma leitura.
Pra você, leitor, não importando se você ler muito ou pouco, POR FAVOR, LEIA ESSE LIVRO.
É uma ficção distópica maravilhosa, com um enredo que mexe com você. Tem tantas referências históricas, como a queima de livros no nazismo e a queima das bruxas na idade média.
Conhecimento É Poder.
Já leram o livro? O que acharam? Comentem e quem não leu, não perca esta oportunidade.
Boas leituras!
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