Resenha: Mistério no Caribe - Agatha Christie


Só uma história da rainha do crime para agitar este domingo. Acabei de terminar mais uma história dessa escritora e não consigo não me encantar com toda a trama. Mistério, vários suspeitos e uma querida e esperta velhinha pronta para desvendar tudo. Não consegui esperar para falar sobre esse livro. Vamos começar?

Caros leitores, caso nunca tenham ouvido falar de Agatha Christie, meus pêsames. Perderam muito de literatura de qualidade no quesito romance policial. Eu já conheço a autora faz anos e mesmo acostumada com a sua escrita, sempre me surpreendo com a engenhosidade da mesma.
Hoje venho trazer a resenha de Mistério no Caribe, protagonizado pela querida Miss Jane Marple. Miss Marple é uma das grandes criações da autora, no quesito detetive, além do seu famoso detetive belga, sr. Hercule Poirot. 

Eu prefiro Miss Marple, mas tudo bem.
A história centra-se na morte do Major Palgrave, um senhor idoso, numa das ilhas do Caribe, enquanto Miss Marple está fugindo do inverno londrino nas ilhas caribenhas. Sofrendo de reumatismo, a idosa senhora conseguiu passar os piores períodos do inverno inglês na paradisíaca ilha de St. Honoré, graças a seu sobrinho Raymond. 

Achando tudo tão tedioso até o momento, Marple fica muito interessada na reação do sr. Palgrave - durante mais uma extenuante conversa sobre memórias - à um assassinato antigo, principalmente porque o senhor, que tinha a intenção de lhe mostrar a foto do assassino, abruptamente muda de ideia ao ver alguém. Atraída pela súbita mudança, Miss Marple age sem muito estardalhaço e prossegue com sua vida, sem ignorar sua curiosidade sobre a situação. No entanto, é a morte súbita do dito major que agita a memória e os pensamentos da velhinha e levanta as suas suspeitas de que não foi realmente algo natural a morte do mesmo.

Quando a hipótese de assassinato se espalha pela ilha e uma nova versão dos fatos surge, todos ficam intrigados com o acontecido. Para Miss Marple nada é o que parece, mas as atitudes das pessoas ao redor não diminuem sua suspeita de que um outro assassinato está preste a acontecer.


E é aí que o bicho pega. Você, leitor, embarca com Marple na tentativa de descobrir quem é o assassino e se é mesmo um homem. Assim como as diversas histórias que o falecido comentava e que aparentavam ter sido fruto de sua imaginação, as suspeitas vão se alternando entre os personagens e as pistas se tornam cada vez mais confusas. 

Como diz Miss Marple em um trecho, todos nós somos muito crédulos, acreditamos no que as outras pessoas nos dizem sobre si mesmas, mas realmente não as conhecemos. 


Cada personagem vai tendo sua vida desvendada aos poucos: um casal que parece perfeito junto, mas que esconde seus problemas; uma jovem divertida e inteligente, que não parece nada sã em muitos momentos; entre outros. O que fica mais claro em toda essa trama, para além dos crimes, é como o ser humano é dependente e crédulo da informação que lhe passam, e que muitos se aproveitam disso para exercer sua maldade. Em Mistério no Caribe, Agatha Christie traz personagens corriqueiros para mostrar o quão problemáticas são as relações humanas e como a maldade não tem rosto definido. 

Além do enredo central, existem algumas reflexões maravilhosas sobre a vida, a velhice e o sexo (fiquei bastante surpresa com isso). Não que tenhamos relações sexuais descritas na obra, mas da forma mais coerente dentro do contexto, a autora debate essas questões através da idosa Miss Marple. Achei fascinante.

Gostei muito dessa passagem.

Personagens que gostei na história foram o sr. Rafiel (empresário aposentado) e a srta. Prescott (irmã de um pároco inglês). Esse é um dos livros em que temos a Miss Marple mais falante. Até mesmo seus pensamentos são mais "ruidosos" do que nas outras histórias que havia lido com ela. 

Recomendo muito esse livro. É uma história que te prende, faz você se perder no raciocínio dos personagens e querer desvendar o mistério. Rápido de ler, com uma escrita tranquila e fluida, é a minha primeira leitura concluída este ano que não é releitura, e, amém, foi maravilhosa para começar 2019. Quem sabe não aparece mais Agatha Christie por aqui até o final do ano?!

Boas leituras.

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