Olá, leitores.
Hoje venho falar sobre a minha experiência assistindo Bird Box, um dos últimos filmes lançados pela Netflix, baseado na obra homônima de Josh Malerman.
Antecipadamente devo destacar que nunca li o livro. Por mais que goste de suspense (policial, diga-se de passagem), a sinopse da história nunca me incentivou a ler a trama. O que já cheguei a ouvir de booktubers e críticos é que era um bom livro ou um péssimo livro. Aparentemente a história é provocadora da onda ame ou odeie, e não tem meio termo.
Sou uma pessoa medrosa, então, só a suposição da existência de algo sobrenatural que ameaçava a sanidade das pessoas já era mais de meio caminho para eu desistir da leitura. Somando o fato muito comentado de que a história deixa muitas pontas soltas e ninguém sabe realmente o que está acontecendo, larguei de vez a possibilidade de vir a lê-lo.
Porém a Netflix anunciou o filme. E depois do lançamento, que foi bastante comentado, ouvi que há muitas diferenças entre as histórias. Porém, ou muitos amam ou odeiam o filme. Essa similaridade com o livro foi o bastante para eu retardar assisti-lo.
Mas chegamos em fevereiro de 2019, mais de um mês do lançamento, e as pessoas ainda estão comentando o filme, muitas dizendo que é bom, então resolvi conferir. Primeiro porque toda adaptação é diferente do livro, e queria saber se algumas respostas são dadas no filme, que não se encontram no livro. Segundo, porque se eu gostasse um pouco do mesmo, leria o livro, que com certeza deveria ser bem melhor (foram poucos os filmes que assisti que foram melhor do que os livros).
Com esse pensamento resolvi dar uma chance. E...
Não é muito ruim, mas não é bom. É meio termo. Fiquei alguns momentos com medo, mais pela minha apreensão de que aconteceria algo, tipo algum monstro, do que pelas cenas em si. Gostei muito da atuação dos atores, e vou dizer um coisa, quando vi o ator Tom Hollander, sabia que ia dar alguma merda.
Olha aqui ele.
Para quem nunca assistiu Orgulho e Preconceito ou Piratas do Caribe, não sabe que os personagens dele não são flor que se cheire.
Quando eu vi ele, pensei, "deu merda". Como não conhecia o personagem dele do livro, não tinha como saber, mas a sensação de que ia acontecer alguma coisa louca não foi em vão.
Vamos para uma rápida sinopse para entender a história, caso vocês não a conheçam.
O mundo está um caos. Depois que pessoas viram algo (não se sabe o quê), acabaram enlouquecendo e machucando outras pessoas antes de se suicidarem. Malorie está acompanhando essa história em outros países, mas não acredita. É quando está voltando de uma consulta com sua obstetra e que presencia um suicídio, que Malorie tem certeza de que corre perigo. Infelizmente o caos se instala e a irmã dela acaba "infectada" e se mata. Ajudada por estranhos, ela se abriga numa casa, enquanto todos eles tentam encontrar uma maneira de sobreviver.
A relação entre os personagens é muito boa. Gostei da forma como eles vão aprendendo a se "aturar" e vão tentando chegar a um meio termo para sobreviver.
A cena deles indo pegar comida no supermercado é bem tensa e finalmente entendi porque que se chama caixa de pássaros. Aleluia. Outra coisa que gostei foram das crianças, principalmente a menininha. Fiquei tocada com a atuação dela.
Mas vamos ao que eu não gostei.
Cadê os outros animais? Porque só os pássaros? Não sei se no livro outros animais aparecem e se eles exprimem algum tipo de comportamento em relação ao que está fora da casa. Achei bem estranho isso no filme.
Outra coisa: e aí é um spoiler, então selecionem abaixo para lerem, se não, vejam mais abaixo.
"Porque os pássaros não denunciaram que tinha algo de errado com o Gary? Eu sabia que tinha algo errado com ele, mas foi por todo o tempo que ele sobreviveu lá fora, e o fato de ele dizer que estavam atrás dele, quando não apareceu ninguém atrás dele. Mas os pássaros não denunciaram nada. O Gary até prende eles no freezer e eles nem se agitam. Será que os pássaros só funcionam para a presença em si e não para os seus seguidores? Mas aí me lembrei que na cena do supermercado eles detectaram que algo estava errado com aquele cara que queria entrar. Simplesmente confuso."
Aí apareceram umas pessoas que não tentavam se suicidar quando olhavam para a dita coisa lá fora e que queriam forçar os demais a olhar também. E eles sentiam quando a presença desses "seres" estava mais próxima. Quem eram essas pessoas? Porque com elas era diferente? Eram loucas antes dos eventos e não ficaram suicidas por causa disso. Eram pessoas malvadas, criminosos ou alguma outra coisa?
É para mim muito irritante acompanhar as mudanças na vida de todos os personagens - suas perdas e esperanças - e, em nenhum momento, termos uma ideia do que estava acontecendo. Nenhuma ideia.
Fiquei desanimada com isso. Muito. Se antes eu já não queria ler o livro, agora que não quero mesmo.
O filme funciona, mas não gostei do todo da história. Para mim precisava de alguma informação coesa para dar sentido a tudo o que eles estavam passando.
Cena mais emocionante do filme: Malorie na floresta tentando encontrar a garota, após ela e as crianças se separarem.
Cena mais tosca: eles passando com o carro em cima dos mortos, para chegar até a mercearia.
Cena mais "quê que é isso?": quando Charlie olha pelas câmeras de segurança para ter uma ideia do que é essa coisa. Ele fica enlouquecido.
Maior estranhamento: porque que essas coisas deixam as pessoas insanas e suicidas? Qual o propósito disso? E eles parecem o vento se aproximando. As folhas começam a levantar e ainda ficam falando com a Malorie e as crianças. Eles não machucam fisicamente, mas ficam falando? São sussurros de vozes de pessoas que já se foram, vozes incentivando a tirar a venda.
Enfim, não posso dizer quem vai gostar ou odiar esse filme, ou ficar num meio termo como eu. Ele tá lá na Netflix para quem quiser ver. Se você está curioso e que saber mais, dê um voto de confiança ao livro e ao filme, e quem sabe algum deles seja do tipo que você gosta.
Boas leituras.
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