Resenha Dupla: Uma Proposta e Nada Mais & Um Acordo e Nada Mais - Mary Balogh



Olá, leitores.

Hoje trago a resenha dos dois primeiros volumes da série Clube dos Sobreviventes, da autora Mary Balogh. São romances de época, ambientados após as guerras napoleônicas, nos quais acompanhamos a vida dos sete membros do clube (seis homens e uma mulher), que estão superando suas perdas e feridas físicas e psicológicas. 


Tentando se adaptar a nova realidade de suas condições, eles vão descobrir como superar seus medos, perdas e angústias, além de descobrir o amor e a amizade.

Imagem da costa inglesa, Cornualha - lembra a propriedade de George, onde os sobreviventes se recuperaram durante anos.


Como na maioria das vezes, eu não comecei a ler na ordem😉. Mas como as histórias podem ser lidas de forma independente, apesar de seguirem, aparentemente, uma ordem cronológica, não tive problemas. Como finais felizes são comuns, não me surpreendeu encontrar o casal do primeiro livro no segundo. Gosto de pensar que acompanhar o desenvolvimento do romance é mais importante do que saber o final da história. 

Mas vamos conhecer um pouco mais sobre cada um dos livros.


Neste romance, conhecemos Lady Gwendoline Grayson, Viscondessa Muir, e Lorde Hugo Emes, Lorde Trentham. A primeira filha da aristocracia britânica. O segundo filho de bem-sucedidos comerciantes e herói de guerra. Os dois acabam se conhecendo durante uma das reuniões do Clube dos Sobreviventes, após Gwen sofrer um acidente. Apesar da animosidade inicial, Gwen e Hugo sentem uma forte atração e não conseguem se manter afastados, mesmo que o passado dos dois e seus preconceitos teimem em afastá-los.


Já no segundo livro da série, conhecemos Vincent Hunt e Sophia Fry. Ela, filha de um aristocrata, sofreu várias perdas na vida e é tratada muito mal pelos poucos familiares que lhe resta. Já ele, após ser gravemente ferido durante a guerra e se recuperado com seus amigos do Clube, recebeu um título de nobreza e agora, um Visconde,  tenta escapar das armações da mãe e irmãs para se casar. Após Sophia salvá-lo de uma situação potencialmente embaraçosa, Vincent resolve ajudá-la e os dois acabam fazendo um acordo que promete resolver todos os problemas deles.


Eu gostei bastante dos personagens da série que são apresentados nestas duas obras. Hugo e Vincent sofreram muitas perdas na guerra, mas conseguiram superar aos poucos suas limitações e tentar seguir com a vida. Ao encontrarem seus pares - que são mulheres muito fortes e corajosas -, acabam descobrindo que precisam viver mais do que sobreviver. 

Hugo é um homem muito fechado, que tem um preconceito, arraigado desde a infância por seu pai, para com a nobreza. Ele os considera fúteis e mentirosos, pessoas que não valorizam o trabalho e nem as recompensas de uma vida honesta e árdua. Jogado nesse meio após receber um título de nobreza pelo seu heroísmo, ele percebe que precisa colocar seus preconceitos de lado pelo bem de sua irmã. Ao conhecer Gwen e se sentir atraído por ela, ele acaba pedindo-a em casamento, mas acaba sendo recusado. No entanto, a dama lhe propõe que a corteje. 

Nesse meio tempo, vamos descobrindo mais sobre o passado de Gwen, uma dama muito requisitada e uma jovem que teve a sorte de se apaixonar e se casar em sua temporada de estréia na sociedade londrina. No entanto, seu casamento não foi feliz, e além de ter perdido o filho e o marido de forma dolorosa e traumatizante, ficou com um problema físico que a deixou manca pelo resto da vida. Ela se sente profundamente atraída pelo austero Hugo, mas tem medo de se apaixonar e sofrer tudo novamente. 

Mas o cortejo de Hugo, e o que ele acaba mostrando para ela sob a fria imagem que quer passar, acaba proporcionando um vínculo entre eles, que é uma coisa linda de se ver. 

Fiquei tocada com essa história, porque os dois não são jovens indecisos, que ficam brincando com os sentimentos um do outro. Os dois tem 30 e poucos anos, são corajosos, muito apegados a família e com um forte senso de fazer o que é certo. É um romance adulto que fiquei feliz em ler, porque não temos personagens fazendo birras, joguinhos, ou agindo como adolescentes. É um amor maduro e comprometido, quando eles assumem isso, e fiquei muito feliz por eles. 


Já a história de Vincent e Sophia é um romance também maduro, mas com personagens ainda em seus 20 e poucos anos. Vincent ficou cego em decorrência de ferimentos de guerra e se ressente de ser tratado como um inválido e estúpido por sua família. Para escapar do assédio de sua mãe e irmãs, foge para o campo e acaba voltando para a cidade onde cresceu, quando ainda era apenas o filho do professor da vila. 

Lá ele se sente em casa. Reconhece o carinho dos amigos da família e das pessoas com as quais cresceu, mas acaba quase se deixando levar pela armadilha de uma família quer casar sua filha com ele, forçando-o a um compromisso. Sophia, que é sobrinha dessas pessoas, acaba salvando Vincent, interrompendo o que seria considerado uma situação comprometedora para o jovem. Ele fica tocado com a ajuda e quando descobre que o fato dela tê-lo ajudado a fez ser expulsa da casa dos tios, ele se compromete a casar e cuidar dela. O acordo é que ele consiga mostrar sua independência a família - já que estar casado é o que eles queriam para ele - e que ela consiga independência financeira para viver com tranquilidade. 

Vale ressaltar que Vincent não se tornou fraco por ser cego. Ele tem uma noção muito boa do espaço; aprendeu a usar os outros sentidos para se ajustar em sociedade e até lutar. Sophia, que é muito perspicaz e uma caricaturista fantástica, tem ideias para ajudar o marido a viver de forma mais confortável e independente. Ela é divertida, quando supera a timidez e o senso de inferioridade que as pessoas da própria família impuseram a ela. As mudanças que os dois fazem nas próprias vidas são o que acaba os aproximando. É uma história linda e tocante e que também nos faz pensar na forma como tratamos as pessoas cegas.


Vamos conhecendo no decorrer de ambas as histórias um pouco sobre todos os membros do clube - Hugo, Vincent, George, Ralph, Imogen, Flavian e Benedict -, seis homens e uma mulher que perderam muito durante a guerra e acabaram se refugiando nas terras de George para se recuperarem. A dor e a superação os tornaram próximos e todos os anos eles se reúnem para serem eles mesmos, longe dos problemas da vida após a guerra.

Super recomendo os livros acima. Li também o último livro da série, que ainda não foi traduzido (porque a pessoa - ansiosa - não lê a série na ordem 😀), mas o terceiro livro, que vai contar a história de Benedict, tem previsão de lançamento para junho deste ano, pela editora Arqueiro. Ansiosa!

Boa leitura!

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