Resenha: Encarcerados - John Scalzi


Olá, leitores.

Hoje trago a resenha da minha primeira leitura de uma obra do autor John Scalzi.


Até o presente momento não li os livros da série Guerra do Velho, já publicados no Brasil e que são do mesmo autor. Ouvi elogios a série e por isso acabei adquirindo o e-book de Encarcerados no ano passado. Fiquei protelando um tempo, pois não estava muito afim de ler uma ficção científica e não sabia muito sobre a obra. Aliás, até da sinopse tinha esquecido.

Eis que, após minha breve ressaca literária pré-carnaval, resolvi adicionar o livro a minha lista de leituras para março e estou muito feliz com isso.


A história é narrada por Chris Shane, um agente do FBI novato, que no seu segundo dia de trabalho se depara com um crime bizarro aparentemente cometido por um integrador.

Agora vamos aos detalhes maravilhosos e estranhos dessa obra. Shane é o que posso chamar de um robô pensante. Só que na verdade ele é um ser humano que foi vítima da doença de Haden (explico mais a frente) e utiliza um corpo robótico para poder locomover-se. Ele controla esse corpo com a mente. Algumas das vítimas da doença não ficam como Shane e conseguem viver normalmente. Porém, seus cérebros acabam mostrando sérias modificações e podem servir às vítimas mais graves da doença como automóvel. Ou seja, esses integradores (como são conhecidos) conseguem compartilhar o controle do próprio corpo com outras vítimas de Haden.


Isso mesmo. Não é brincadeira. 

Vamos explicar direito essa história.

A doença de Haden - assim chamada por tem como uma das primeiras e mais conhecidas vítimas a primeira dama dos Estados Unidos, cujo sobrenome era Haden - afeta o corpo e principalmente o cérebro das vítimas. Mesmo conscientes, os indivíduos acabam ENCARCERADOS dentro do próprio corpo. Muitos avanços científicos foram feitos para ajudar os hadens a se integrarem em sociedade. Os mecanismos tecnológicos e virtuais são os que mais ajudam esses indivíduos, mas corpos mecânicos também foram desenvolvidos para possibilitar a liberdade de locomoção deles, sendo que seus cérebros se conectam virtualmente as máquinas.


Porém, os integradores podem servir aos hadens da mesma forma que essa máquinas. O cérebro deles possibilita isso. Existe toda uma tecnologia que coloca mecanismos no cérebro das vítimas da doença, a fim de que eles tenha acesso à essas tecnologias.

A medida que avançamos na leitura do livro, esses detalhes da vida dos hadens, suas perdas e suas conquistas, assim como sua cultura, vão sendo apresentados. Uma coisa que achei legal é que o corpo mecânico que o Shane usa lembra o C3PO da saga Star Wars. Para quem não lembra é esse aqui:


Voltando ao enredo, o Shane, que teve Haden ainda criança, é um novo agente do FBI, e já na primeira semana vai investigar um crime muito sangrento. Além dos suspeitos nada confiáveis, ele tem que lidar com a grande movimentação de pessoas em Washington. A cidade está se preparando para uma grande parada de protesto dos hadens do país inteiro. Uma lei foi promulgada cortando uma série de benefícios aos hadens do país. Os mesmos, em sua maioria, estão de greve e os ânimos entre os hadens e os não hadens esquentaram bastante. O crime que Shane e sua parceira Vann investigam só deixa as coisas mais violentas.

Falando da Vann, ela é uma mulher mais velha que, antes de entrar para o FBI, foi uma integradora. Mais pro final do livro vamos conhecer mais da experiência dela com essa atividade e entender como ela fica extremamente chateada com as descobertas que os dois fazem sobre o caso do assassinato.

Entre criar uma parceria; resolver não só um assassinato, mas vários outros crimes relacionados; tentativas de assassinato contra eles e tensões familiares, Shane e Vann vão mostrando as complexidades das relações humanas dentro dessa realidade. Quem já passou por situações de preconceito vai se identificar com várias coisas abordadas no livro.

Eu gostei da forma como o autor abordou esses temas, assim como o mundo e a tecnologia que ele criou, apesar de que em muitos momentos a forma ou explicação de como esses mecanismos robóticos se aliam as pessoas que tem Haden é nebulosa. Para além da tecnologia, gostei muito dos personagens. 

O narrador é o Shane, mas vamos conhecendo muito dos outros personagens. Gostei muito do pai dele, que vai se candidatar ao senado americano. Gostei da Vann e do Tony - Tony é colega de casa de Shane, e também tem Haden. Temos também personagens ricos e pobres, gays e indígenas na narrativa, além de pessoas com dificuldades de aprendizado. Achei um ponto alto de livro toda essa diversidade de personagens.


Fiquei muito curiosa para conhecer outros livros do autor, e vi que já existe um segundo livro dentro desse universo de Encarcerados, só que ainda não foi lançado no Brasil (não sei se há previsão de lançamento). Pretendo ler os dois livros já lançados da série Guerra do Velho:



Gostei muito da escrita do autor e espero que ela continue tão fluida nos outros livros como foi em Encarcerados - li a obra em um dia.

Super recomendo essa ficção científica.

Boas leituras.


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