Olá, leitores.
Hoje trago a resenha de um romance jovem adulto da mesma autora da série Obsidiana. A obra enfoca na superação dos personagens de traumas do passado e como esses problemas podem impedir as pessoas de viver. Vamos lá?!
Quero frisar que existem spoilers na resenha, então, estejam avisados.
Espero por você vai contar a história da Avery e do Cameron. Os dois se conhecem durante uma aula em comum na universidade onde estudam e uma atração surge entre eles. Só que a Avery não quer ter um relacionamento romântico/sexual com ninguém.
Ela quer aproveitar que estar geograficamente longe de todos e de tudo o que ela conhece e recomeçar sua vida. Ela acredita que já tem problemas demais para ainda acrescentar um romance. Só que Cameron (ou Cam) é muito gentil, simpático e charmoso para resistir. Eles acabam vivendo uma amizade. Mas Cameron deixa claro várias vezes o quanto quer ficar com ela.
A partir da forma como o passado da Avery é trabalhado, assim como seu relacionamento tenso com os pais, vamos descobrindo que aos 14 anos ela passou por um trauma severo que a deixou marcada. Ela teve a confiança traída por pessoas as quais ela acreditava serem amigas.
Pelo fato de ela recordar como muitos tacharam ela de promíscua (usando aqui um termo mais ameno do que as palavras que usam no livro), fica claro que envolve abuso sexual. Mas tem muita enrolação na forma como a história é contada. O leitor sabe que foi abuso e que não houve punição para o culpado; sabe que as pessoas não acreditaram nela, mas só vai ser informado dos detalhes do ocorrido no final.
E até chegarmos nesse final, é irritante ler todas as passagens "enigmáticas" sobre o trauma. Seria muito mais coerente ter exposto ao leitor até a metade do livro toda a história dela, e os outros personagens irem descobrindo depois. Mas na realidade, apenas uma pessoa descobre o trauma.
Sabemos de cara que o abuso ocorreu aos 14 anos e que desestabilizou Avery completamente. Mas o preocupante mesmo foi a forma como ela não recebeu apoio de ninguém. O comportamento de todas as pessoas para com ela, principalmente os familiares, foi o que realmente deixou Avery traumatizada.
Ela também não recebeu ajuda psicológica pelo que passou. E fica claro como isso prejudicou a forma como ela vê o mundo e reage a ele. Para mim, ela precisava de ajuda desesperadamente, principalmente porque ela já tinha tentado o suicídio.
Mas em nenhum momento ela pensa, ou alguém incentiva ela, a procurar ajuda psicológica. Nem mesmo o Cameron que, por conta de um ato de violência do passado, já fazia terapia. Em uma passagem a autora fala que os pais da garota não queriam que ela fosse tachada de louca - o que é um preconceito enorme com pessoas que fazem terapia -, mas a conversa fica por isso mesmo, esse pensamento não é criticado e o livro acaba sem que a Avery busque ajuda.
O Cameron e os outros amigos que ela faz ao entrar na faculdade não sabem disso. Até desconfiam de que algo ruim aconteceu com ela, por conta da reserva que ela apresenta em relação a vida de um universitário "normal" - como as festas, bebidas, sexo. Mas eles não forçam Avery a participar das coisas. Eles são bons amigos e isso vai ajudando a mesma a superar algumas desconfianças e crises de ansiedade.
O Cameron é um cara muito bonito - considerado o galã da universidade -, mas não é mais o mulherengo que foi antes. Algo aconteceu com ele também, só que não tirou sua alegria de viver. Ele se encanta com a Avery. Primeiro porque o encontro inicial deles foi bem diferente do comum. Segundo porque a personalidade dela e o fato de ela não querer sair com ele o intrigam.
E aí tem outro ponto negativo do livro: o velho clichê de que o cara tenta conquistar a menina, porque ela não quer ficar com ele. Ela representa um desafio para o cara.
E para piorar, quando os dois engatam um relacionamento e a Avery vai repensando sua vida, parece que o Cameron foi o "remédio" dela. Que a Avery precisava de um homem na vida dela para viver. A pessoa precisa, sim, de apoio de amigos, de um amor, para ajudar. Mas a Avery precisava de mais do que isso, mas o livro deixa por isso mesmo e não questiona nada.
Tem algumas coisa bem legais na história: os amigos Jacob e Brit, que são bem divertidos; o relacionamento dos pais do Cameron, que são fofos. Tem alguns momentos que faz você ficar com o coração quentinho e outros que te faz ficar muito triste. Mas no geral foi um livro OK.
Se eu recomendo? Bom, não é um livro que eu pretenda reler. Mas não é o pior que já li e ele tem pontos positivos também. Então, se você não se incomoda com algumas coisas que falei na resenha que me incomodaram, então, leia.
Boas leituras.
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