Resenha Dupla (Romances de Época): Um Casamento Conveniente - Tessa Dare & The Devil Wears Kilts - Suzanne Enoch
Olá, leitores.
A jovem aqui, grande apreciadora de romances de época, traz agora a resenha de dois romances para vosso conhecimento. O primeiro, lançamento recente da Editora Gutenberg e primeiro livro da série Girls Meet Duke, da Tessa Dare. O segundo, primeiro livro da série A Scandalous Highlanders, da Suzanne Enoch, ainda não publicado no Brasil.
Todos os dois se passam em Londres e tem dois casais fortes e determinados em suas ações, com personalidades cativantes. Tirando isso e a sociedade londrina com seu frenesi por fofoca, as duas histórias tem muitas diferenças não só de enredo, mas de tom.
Digo de tom, porque o livro da Suzanne Enoch tem uma pegada mais "sombria", com muita violência, discussões mais acaloradas e um preconceito regional e cultural fortemente representado. Já o livro da Tessa Dare é um romance mais divertido, com um tom mais leve e bem-humorado.
Em Um casamento conveniente, conhecemos Emma e Ashbury - ela uma costureira e ele um duque -, que acabam se conhecendo quando a mesma vai cobrar o pagamento de uma roupa que ela fez para a ex-noiva do duque. Ele, surpreso com a impetuosidade da mulher, fica encantado com a moça. E, para um homem que já perdeu a noiva e a vida que conhecia por conta dos seus ferimentos de guerra, a costureira obstinada parece a solução perfeita para os problemas que está enfrentando.
Ele precisa de um herdeiro. Ela está passando por dificuldades financeiras. Ele propõe um casamento de conveniência, onde ela estará livre para viver como quiser, após lhe dar um herdeiro. Após todos os problemas que Emma enfrentou por se apaixonar no passado, a proposta parece tentadora e conveniente a sua perspectiva de vida atual.
No entanto, eles não podiam contar com o efeito que a personalidade cativante e iluminada dela faria com o isolamento dele; nem que o instinto de proteção e honra dele, juntamente com seu carinho velado, poderiam fazê-la acreditar no amor novamente. E ainda havia as armações dos empregados para que essa relação desse certo.
Em O diabo veste kilt, temos o casal Ranulf e Charlotte. Ele, um marquês escocês poderoso e determinado. Ela, uma lady inglesa com muita opinião e coragem. Os dois representam o que menos gostam na vida: a violência descabida e o esnobismo aristocrático. Contudo, tendo que conviver por conta da irmã mais nova do marquês que foge de casa decidida a ter uma temporada londrina, os dois vão descobrindo que seus preconceitos em relação um ao outro não tem nenhum fundamento.
Charlotte vê que nem sempre a frieza e civilidade evita o confronto físico, ao mesmo tempo que Ranulf, descobre que a nobreza nem sempre é esnobe e frívola e que existem pessoas de caráter entre os sassenach (forma como os escoceses chamam os ingleses). Enquanto se sentem mais atraídos um pelo outro, vão ter que superar o preconceito cultural e as rivalidades de clã que ameaçam não só a temporada londrina da irmã mais nova do marquês, como a vida de ambos.
Essas duas histórias me fizeram rir e ficar com receio. Principalmente a segunda, já que o preconceito que Ranulf tem com os ingleses vem de sua experiência com o profundo desprezo que estes tem pela cultura escocesa. Ser tratado como bárbaro, mesmo com uma fortuna e títulos, além de só ver o pior lado dos ingleses, tornou Ranulf amargo quanto a sociedade londrina como um todo. O fato de sua mãe ter sido uma mulher inglesa que agiu de modo tão desconsiderado com os próprios filhos, só cimentou essa opinião.
Ter que acompanhar essas duas apresentações da sociedade londrina, mas especificamente do preconceito social que as duas histórias mostram é muito triste. No romance da Tessa Dare, o fato do duque está deformado por conta da guerra, o fez perder a noiva superficial e o fez ser temido pelas pessoas por sua aparência, sendo taxado de monstro. Já o esnobismo apresentado na segunda história é asqueroso.
No entanto, as personalidades de cada homem e mulher, protagonistas dessa história, nos faz acreditar no melhor das pessoas. O senso de dever e e honra, além do desejo de fazer o outro feliz, são bonitos de se ver. A forma como agem para enfrentar as atribulações mostram a superficialidade da dita "civilização", e como, muitas vezes, é necessário ser enérgico para provocar mudanças benéficas, rompendo barreiras segregacionistas.
Tanto Emma quanto Charlotte são mulheres que tiveram sua parcela de sofrimento, mas que não tiveram seus espíritos quebrados pelas escolhas que fizeram. Elas são pacientes e testam seus companheiros ao limite para viverem de acordo com o que acreditam e manter sua independência.
Ranulf e Ash - como Ashbury gosta de ser chamado - gostam de comandar. Tem personalidades fortes e, mesmo enlouquecendo com a determinação de Charlotte e Emma, ficam atraídos pelo temperamento forte e decidido delas. Todos eles possuem cicatrizes emocionais que podem tornar as respectivas relações um verdadeiro desastre. Mas, ao aprenderem a ceder e a ter empatia, dão uma chance para que isso não aconteça.
Fiquei feliz com as duas leituras. Cada autora tem um estilo próprio de escrita, oscilando entre a comédia e o drama, que tocam o leitor e nos deixam querendo mais. Provavelmente vou ler mais das duas, principalmente da Suzanne Enoch, que já tem algumas obras publicadas no Brasil, como os dois primeiros livros da série Highlands (que em inglês é No Ordinary Hero). Tenho que voltar também a ler a série da Tessa Dare, Spindle Cove, já toda publicada no Brasil (veja as edições abaixo dos livros mencionados acima).
Recomendo as leituras dos dois livros.
Boas Leituras!
A jovem aqui, grande apreciadora de romances de época, traz agora a resenha de dois romances para vosso conhecimento. O primeiro, lançamento recente da Editora Gutenberg e primeiro livro da série Girls Meet Duke, da Tessa Dare. O segundo, primeiro livro da série A Scandalous Highlanders, da Suzanne Enoch, ainda não publicado no Brasil.
Todos os dois se passam em Londres e tem dois casais fortes e determinados em suas ações, com personalidades cativantes. Tirando isso e a sociedade londrina com seu frenesi por fofoca, as duas histórias tem muitas diferenças não só de enredo, mas de tom.
Digo de tom, porque o livro da Suzanne Enoch tem uma pegada mais "sombria", com muita violência, discussões mais acaloradas e um preconceito regional e cultural fortemente representado. Já o livro da Tessa Dare é um romance mais divertido, com um tom mais leve e bem-humorado.
Em Um casamento conveniente, conhecemos Emma e Ashbury - ela uma costureira e ele um duque -, que acabam se conhecendo quando a mesma vai cobrar o pagamento de uma roupa que ela fez para a ex-noiva do duque. Ele, surpreso com a impetuosidade da mulher, fica encantado com a moça. E, para um homem que já perdeu a noiva e a vida que conhecia por conta dos seus ferimentos de guerra, a costureira obstinada parece a solução perfeita para os problemas que está enfrentando.
Ele precisa de um herdeiro. Ela está passando por dificuldades financeiras. Ele propõe um casamento de conveniência, onde ela estará livre para viver como quiser, após lhe dar um herdeiro. Após todos os problemas que Emma enfrentou por se apaixonar no passado, a proposta parece tentadora e conveniente a sua perspectiva de vida atual.
No entanto, eles não podiam contar com o efeito que a personalidade cativante e iluminada dela faria com o isolamento dele; nem que o instinto de proteção e honra dele, juntamente com seu carinho velado, poderiam fazê-la acreditar no amor novamente. E ainda havia as armações dos empregados para que essa relação desse certo.
Em O diabo veste kilt, temos o casal Ranulf e Charlotte. Ele, um marquês escocês poderoso e determinado. Ela, uma lady inglesa com muita opinião e coragem. Os dois representam o que menos gostam na vida: a violência descabida e o esnobismo aristocrático. Contudo, tendo que conviver por conta da irmã mais nova do marquês que foge de casa decidida a ter uma temporada londrina, os dois vão descobrindo que seus preconceitos em relação um ao outro não tem nenhum fundamento.
Charlotte vê que nem sempre a frieza e civilidade evita o confronto físico, ao mesmo tempo que Ranulf, descobre que a nobreza nem sempre é esnobe e frívola e que existem pessoas de caráter entre os sassenach (forma como os escoceses chamam os ingleses). Enquanto se sentem mais atraídos um pelo outro, vão ter que superar o preconceito cultural e as rivalidades de clã que ameaçam não só a temporada londrina da irmã mais nova do marquês, como a vida de ambos.
Essas duas histórias me fizeram rir e ficar com receio. Principalmente a segunda, já que o preconceito que Ranulf tem com os ingleses vem de sua experiência com o profundo desprezo que estes tem pela cultura escocesa. Ser tratado como bárbaro, mesmo com uma fortuna e títulos, além de só ver o pior lado dos ingleses, tornou Ranulf amargo quanto a sociedade londrina como um todo. O fato de sua mãe ter sido uma mulher inglesa que agiu de modo tão desconsiderado com os próprios filhos, só cimentou essa opinião.
Ter que acompanhar essas duas apresentações da sociedade londrina, mas especificamente do preconceito social que as duas histórias mostram é muito triste. No romance da Tessa Dare, o fato do duque está deformado por conta da guerra, o fez perder a noiva superficial e o fez ser temido pelas pessoas por sua aparência, sendo taxado de monstro. Já o esnobismo apresentado na segunda história é asqueroso.
No entanto, as personalidades de cada homem e mulher, protagonistas dessa história, nos faz acreditar no melhor das pessoas. O senso de dever e e honra, além do desejo de fazer o outro feliz, são bonitos de se ver. A forma como agem para enfrentar as atribulações mostram a superficialidade da dita "civilização", e como, muitas vezes, é necessário ser enérgico para provocar mudanças benéficas, rompendo barreiras segregacionistas.
Tanto Emma quanto Charlotte são mulheres que tiveram sua parcela de sofrimento, mas que não tiveram seus espíritos quebrados pelas escolhas que fizeram. Elas são pacientes e testam seus companheiros ao limite para viverem de acordo com o que acreditam e manter sua independência.
Ranulf e Ash - como Ashbury gosta de ser chamado - gostam de comandar. Tem personalidades fortes e, mesmo enlouquecendo com a determinação de Charlotte e Emma, ficam atraídos pelo temperamento forte e decidido delas. Todos eles possuem cicatrizes emocionais que podem tornar as respectivas relações um verdadeiro desastre. Mas, ao aprenderem a ceder e a ter empatia, dão uma chance para que isso não aconteça.
Fiquei feliz com as duas leituras. Cada autora tem um estilo próprio de escrita, oscilando entre a comédia e o drama, que tocam o leitor e nos deixam querendo mais. Provavelmente vou ler mais das duas, principalmente da Suzanne Enoch, que já tem algumas obras publicadas no Brasil, como os dois primeiros livros da série Highlands (que em inglês é No Ordinary Hero). Tenho que voltar também a ler a série da Tessa Dare, Spindle Cove, já toda publicada no Brasil (veja as edições abaixo dos livros mencionados acima).
Série Highlands
Série Spindle Cove
Recomendo as leituras dos dois livros.
Boas Leituras!
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