Resenha: Lá Não Existe Lá - Tommy Orange

Que livro, senhor@s. Que Livro!

Esta é a obra de um autor indígena, sobre indígenas, sobre cultura, identidade, preconceito, determinação e sobrevivência.

Temos vários personagens narradores e todos se destacam. Todos apresentam um carisma que não tem como não se sentir envolvido.

o autor

Tommy Orange nos deu uma bela obra e nada melhor do divulgá-la aos quatro ventos, então vamos lá.

Não temos um único personagem principal, todos são protagonistas. Todos são indígenas, ou se identificam como. Estão construindo a própria história diariamente, tem problemas, vícios, e alguns estão particularmente tentando se sentir mais índios.

Fugindo do esteriótipo que índio não existe na cidade, aqui temos o índio urbano e suas dificuldades e perdas, mas também suas alegrias e determinação.

Temos mais de 10 personagens, de diferentes idades, com problemas diferentes, mas que estão se reunindo para participar de um grande pow-wow.

Se você neste momento não sabe o que é um pow-wow, mas quer saber, confiram: 


Esses eventos, que são o grande ponto de encontro de todos os personagens da história, é um momento de compartilhar a vida e as crenças de diversas tribos, nações e grupos indígenas. Fiquei com muita vontade de conhecer alguns dos eventos.

Mas voltando a história, tem alguns personagens que são meus favoritos: Orvil, Edwin, Jacquie, Blue.

O livro me despertou muitas emoções. Tristeza, por conhecermos alguns detalhes do grande genocídio indígena americano e como esses grupos são tratados e se sentem na sociedade - o que me fez pensar sobre a própria situação do indígena brasileiro. Alegria, por ver a determinação e visão de mundo. Choque, com algumas ações governamentais. Divertimento, com o humor ácido de alguns personagens. Medo, pelos confrontos que ocorrem durante a obra.

É uma miscelânea de sensações.

O livro termina e você fica abalado, mas contente. Uma sensação de satisfação por ter lido uma boa história, e uma angústia para saber mais do ocorreu com aqueles personagens. É um final em aberto, assim como a vida. Meio que ficamos no limiar entre viver e morrer.

Não tem como contar aqui muito sobre a história sem dar grandes spoilers. Ao mesmo tempo, é tanta informação importante e reflexões que estão para além da questão indígena - que mesmo quem não é, se identifica -, que é complicado expressar tudo o que se sente com a obra.

Espero que o autor tenha mais publicações no futuro e que as mesmas venham a ser publicadas no Brasil. A edição da Rocco está linda, com bom espaçamento e letra, o que só ajudou na leitura.


Sinceramente, é um livro pra te fazer pensar e te deixar sem palavras.

Super recomendo. Boas leituras! 


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