Resenha: Daqui pra Baixo - Jason Reynolds



Olá, leitores.

Vamos de resenha! Uma prosa em poesia, forte, passional, triste e profunda sobre luto, pobreza, violência e a sociedade.


Eu não tenho muita paciência para poesia. Sendo franca aqui, nunca gostei muito. O engraçado é que sempre apreciei ler livros em que os personagens gostassem de poesia, citassem poemas favoritos, escrevessem seus próprios versos. Porém pegar um livro de poesias para ler ainda é muito difícil para mim.

Eu gosto de prosa. De um enredo, personagens, trama, de acompanhar uma trajetória. A poesia sempre me pareceu solta, sem sentido, ou fora de contexto. Não quero aqui diminuir o gênero, nem os leitores e apreciadores dele. Mas sempre achei, por todas as tentativas que fiz, que isso não era para mim.

Então eis que ouvi falar deste livro, Daqui pra baixo, lançamento do ano passado da Editora Intrínseca, e de como ele vai contar uma história, só que em poesia. Fiquei interessada. Não li nenhuma resenha sobre o livro, apenas a sinopse, e vi pessoas elogiando a obra.

Resolvi adquirir o livro e hoje, há poucas horas, fiz a leitura dele.

Que surpresa boa. Que história tocante. Que realidade perturbadora.


Na história temos o jovem Will, de 15 anos, que acabou de perder seu irmão, assassinado em frente do prédio onde moravam com a mãe. Will precisa ser forte e seguir as regras que foram passadas de geração em geração para as pessoas do bairro.

1ª regra: não chorar.
2ª regra: não dedurar.
3ª regra: se vingar.

Will vai mostrar, que assim como todos antes dele, que vai cumprir com sua obrigação e seguir as três regras.

Mas ele terá uma surpresa e tanto. 


Ao decidir matar quem ele tem certeza que matou o irmão, Will pega a arma que tem em casa; passa pela mãe desmaiada pela dor na mesa da cozinha; e segue para o elevador. Seu objetivo é acabar logo com isso. Com toda a dor dentro de si.



Só que no elevador algo surpreendente acontece. O passado visita ele, quase como aquela história de natal do sr. Scrooge, onde o idoso e rabugento homem é visitado pelos fantasmas do passado, presente e futuro, que tem como objetivo fazê-lo repensar sua vida. Aqui são pessoas da vida de Will, suas histórias, seu sofrimento, que vão fazer Will verdadeiramente sentir o luto e ver a violência por trás da violência.

A violência de você se tornar o que teme para sobreviver. A violência social entre ricos e pobres. A violência psicológica do luto, da brutalidade da morte e como ela é "ignorada" hoje em dia.


Esse livro foi tão rápido de ler - menos de 3 horas - mas tão impactante. Você é envolvido pela dor e pela realidade do personagem. Realidade essa que é tão mais dolorosa do que o próprio luto. Acompanhar Will nessa jornada de alguns segundos, enquanto o elevador desce, é ser envolvido num turbilhão de emoções. É quase como ver toda a sua vida passar diante de seus olhos.


Não dá pra falar muita coisa sobre o livro sem dar spoilers e sem tirar de quem pretende ler o sabor forte, às vezes amargo, mas sempre nutritivo, que essa leitura e as reflexões que dela saem tem a fornecer à nossa alma.


Eu super recomendo o livro e espero ter a possibilidade de ler esse tipo de história, não só na escrita, como no formato, mais vezes.

Boas leituras!

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