Resenha: A Cidade de Bronze - S. A. Chakraborty


 Olá, leitores.

Preciso começar dizendo que esse livro me destruiu em alguns momentos. Foi uma experiência diferente e cheia de mistérios, intrigas e uma cultura tão fascinante, quanto assustadora.

Nesse livro acompanhamos dois pontos de vistas: o de Nahri, que tem grandes habilidades de cura, mas que vive como ladra e golpista nas ruas do Cairo, tentando sobreviver em meio a guerra entre otomanos e franceses; e Alizayid, príncipe de Daevabad, que está estudando para se tornar Qaid e servir ao seu irmão, quando este se tornar rei.

Os dois não são quem aparentam ser.

Essa é a primeira dica para aproveitar a experiência com essa leitura. Nahri e Alizayid tem camadas e segredos que eles mesmos desconhecem sobre quem são e seu papel. E eles vão aprender isso de maneiras dolorosas.

As histórias narradas por esses dois personagens vão nos pintando um mundo mágico e terrível. Uma guerra devastou o mundo dos djinns (seres mágicos e poderosos feitos de fogo), que há muito tempo foram amaldiçoados pelo profeta Suleiman por terem infernizado a vida dos humanos. Agora os djinns vivem em relativa paz, porém existem pontos muito críticos nessa paz e o principal deles são os shafits.

Shafits são frutos das relações entre djinns e humanos. Enquanto a maioria das tribos não se importa com a miscigenação das raças, a tribo daeva, que foi durante anos comandada pelos Nahid, é fortemente contra isso. Apesar do preconceito escancarado, as demais tribos também não são o melhor exemplo no tratamento desse povo. E isso fomentou durante séculos uma possível revolta. Que está prestes a irromper.

Nahri e Ali estão presos nessas questões. E os dois vão ser vitais para os acontecimentos. Nahri é shafit, filha de um dos Nahid, sendo que os últimos destes morreram há mais de 20 anos. Ali vem há um tempo patrocinando a causa shafit, embora começamos o livro descobrindo que ele não fazia muita ideia no que o seu dinheiro era gasto.

A trama fica mais complexa porque um djinn poderoso, há muito dado como morto, reaparece por conta de Nahri e a chegada deles a Daevabad põe em curso, traições, disputas políticas, segredos e mortes, muuuitas mortes.

Essa não é uma fantasia bonitinha. A magia aqui não camufla a crueza da vida desses seres, como são perigosos, presos em suas mentiras, culpas e segredos. Os djinns não são um povo unido. E são altamente diversos em sua cultura, aparência e habilidades.

Durante boa parte do livro, vamos aprendendo sobre essas habilidades aos poucos e conhecendo aspectos culturais de forma muito simples, porque o enfoque da autora nesse livro é estabelecer fortemente os papéis que cada indivíduo terá numa futura guerra. O curioso é que muitas das tramas não terminaram da forma como vamos sendo levados a crer durante a história. Algumas informações vão sendo nos passada, após a primeira parte do livro, que se não ficarmos atentos, ficamos ainda mais chocados com o final dessa história.

E o final, meus amigos, o final é uma loucura. Doeu muito, foi louco, completamente surpreendente e que deixa tantas possibilidades para os próximos livros que sua cabeça explode. Vemos que os instintos de sobrevivência de Nahri e Ali vão ser cruciais para os acontecimentos que virão, mas que a situação vai ser ainda mais violenta do já vimos. E estou ansiosa por isso.

A edição da Morro Branco está linda - o que é essa capa, MEU DEUS! -, porém tem alguns erros na escrita que passaram batido, sendo estes poucos, mas bem visíveis quando surgem. Já temos o segundo livro publicado em português e aparentemente a editora estará publicando o último volume ainda esse ano.

Pretendo, se isso se confirmar, finalizar a série até dezembro, porque estou muito curiosa para os desfechos das histórias desses dois protagonistas e a revelação de todos os segredos que envolvem esse universo.

Espero que se animem para desbravar Daevabad. Não vão se arrepender.

Boas leituras!

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